sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A primeira Páscoa


Há muito tempo atrás, numa terra bem distante do Brasil, num lugar chamado Egito, morava uma garotinha chamada Aninha.

Ela morava em uma casa pequenina, juntamente com os pais e seus irmãos.

Todos os dias, na casa de Aninha, tinha que se trabalhar muito. Eles eram escravos...

Você sabe o que é ser escravo? É trabalhar, trabalhar, trabalhar e não ter um salário.
Ai... Ai... Ai... Ai... Aiii - Se eles não trabalhassem eram duramente repreendidos pelos egípcios e muitas vezes levavam castigos e até mesmo chicotadas.

A família inteira de Aninha eram escravos, por isso, logo cedo, a família tinha que levantar cedinho, colher palhas no campo, fazer tijolos. E era uma correria. Não dava nem tempo de descansar. Os capatazes viviam a castigar quem não produzisse muitos tijolos. Aninha não queria que seu pai e sua mãe fossem castigados, por isso, ajudava-os em tudo o que eles pedissem, principalmente colhendo palhas no campo, que era sua especialidade.

Mas... naquele dia, Aninha, ao acordar cedinho, ouviu um béeeee... Era um cordeirinho bem branquinho. A mamãe falou que tinha separado ele para mais tarde, assá-lo. Aninha ajudou a mãe no serviço de casa, e foi ao campo pegar palhas e aproveitou para separar ervas amargas que a mãe tinha pedido. Ela ainda não tinha entendido ainda sobre a festa que ia ter... como era o nome mesmo? Tinha esquecido. Foi ao campo e achou as ervas que a mãe tinha pedido para buscar e voltou para casa rapidamente. E trabalhou o dia inteiro, sem saber que naquela noite, algo iria acontecer.

A mãe havia preparado pães sem fermento naquele dia... Por que será? Mas... mesmo assim eram bem gostosos. O dia foi passando e a tardezinha, o cordeirinho foi morto... Pegaram um pouco do seu sangue do cordeirinho e com uma esponja, passaram no batente da porta.

Aninha já tava muito curiosa com tudo aquilo e perguntou:

- Pai... por que o senhor ta passando sangue no batente da porta?

- É que nessa noite passará um destruidor nesse país.O papai respondeu.

- E o que é destruidor? perguntou Aninha.

- É o anjo da morte que passará em todas as casas e matará todos os primeiros filhos dos Egípcios. Na casa onde houver o sangue na porta, não acontecerá nada. O papai respondeu.

- Então seremos poupados desse destruidor, papai? - perguntou Aninha.

- Sim, minha filha. Porque Deus nos orientou que se fizéssemos isso, nada aconteceria a nós.O papai respondeu.

Aninha suspirou aliviada. Bem de noitinha, comeu um pedaço do cordeirinho assado, com pão que a mãe fez e um pouquinho das ervas amargas. Quando ouviu o pai dizer:

- Essa foi a nossa primeira festa de páscoa. E hoje Deus vai nos libertar da escravidão.

Aninha ficou pensando... pensando... queria tanto ser uma menina como as meninas egípcias que eram livres, que brincavam, que podiam ir a escola. Ela tinha que trabalhar sempre. Será que seria livre mesmo?

E assim Aninha foi dormir, mas teve que acordar no meio da noite, porque eles tinham que sair do Egito.

Agora eles não eram mais escravos, mas livres.

Deus tinha os libertado da escravidão e agora eles iam morar em uma outra terra diferente. Eles iam para Canaã - a terra prometida. E Deus iria guiá-los para essa nova terra.

Muitos anos, mas muiiiiitos anos mesmo, se passaram e Aninha já nem existia mais, mas a terra de Canaã ainda existia e se chamava Judéia, aconteceu algo muito interessante.
Sabe... o pessoal de lá estava comemorando uma festa. Sabe que festa era? A mesma que Aninha tinha comemorado naquela noite em que foi liberta.

Quem lembra o nome? Era a festa da páscoa.

Sabe quem estava comemorando esta festa? JESUS.

E sabe o que tinha na festa de páscoa de Jesus? O vinho e o pão.

E o cordeiro???? Onde estava?

Vou tentar relatar o que Jesus disse durante a festa para você entender melhor

- Como desejei comer essa páscoa com vocês, antes que eu morra...

Ele pegou o pão, agradeceu a Deus e disse para seus discípulos que aquele pão era o corpo dele. Ele pegou o vinho e disse que aquele vinho era o sangue que Ele derramou por nós.

Sabe... fiquei pensando... onde está o cordeirinho da páscoa? Descobri que Jesus era o cordeiro de Deus que tirou o pecado do mundo.

Como o cordeirinho de Aninha, que morreu, derramou seu sangue para evitar que o destruidor destruísse a vida da Aninha, assim foi Jesus. Ele morreu, derramou seu sangue e evitou que a gente fosse destruído pelo anjo da morte.

A partir daí, não precisou mais de morrer cordeirinhos, porque Jesus é o Cordeiro perfeito. E o mais legal disso tudo é que Jesus morreu, derramou o seu sangue por nós e não ficou morto. ELE RESSUSCITOU.

E essa é história da verdadeira páscoa. O pessach em hebraico significa passagem.

Passagem da escravidão para a libertação.

E com Jesus não é diferente.

Passagem da escravidão (vida sem paz, sem alvos, sem expectativa e sem Jesus) para a libertação (vida com objetivos, com paz , completa em Jesus).

Passagem da morte para a vida - porque Cristo nos dá a vida. Só Ele pode dar isso, porque Ele ressuscitou!!!

FELIZ PÁSCOA PRA VOCÊS!!!


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Se Jesus não tivesse vindo





Era véspera de Natal. Roberto colocou o sapato na porta do quarto e foi dormir. Ele não gostava de deitar-se logo após o jantar. Mas naquela noite estava ansioso para dormir. Queria acordar bem cedo no outro dia para ver os seus presentes. Todas as noites, sua mãe lia um trecho da Bíblia para ele. Naquela noite, ela leu algumas palavras que Jesus dissera aos seus amigos. Uma frase tinha ficado na mente de Roberto: "Se eu não tivesse vindo..."

Não fazia muito tempo que dormia, quando Roberto ouviu uma voz áspera e impaciente
dizer-lhe: "Levanta-te, já!. Está na hora de levantar."

Roberto levantou-se pensando que já era de manhã. Queria ver logo os presentes que papai noel trouxera. Vestiu-se apressado. Logo notou que seu sapato não estava no lugar onde deixara. Então, desceu a escada. Embaixo, tudo estava silencioso. Não havia ninguém lá para dizer-lhe "Feliz Natal". A avórve, os sininhos e as grinaldas de Natal tinham desaparecido. Ele foi olhar a rua. A fábrica, perto de sua casa, devia estar trabalhando, pois ouvia o barulho das máquinas. Correu até a porta da fábrica e deu uma olhadela para dentro.Viu logo o chefe sentado à sua mesa, com uma cara tão carrancuda!

- Por que a fábrica está trabalhando no dia de Natal? - perguntou Roberto.

- Natal? - repondeu o chefe àsperamente - Que você quer dizer com isso? Que é Natal? Nunca ouvi essa palavra.

- Natal quer dizer o aniversário de Jesus.

- Quem é Jesus? Que maluquice é esta? Não atrapalhe o nosso trabalho, menino.É melhor que você vá embora.

Roberto, espantado, foi correndo a outra rua, para olhar o comércio. Todas as casas de négocio estavam abertas. Os empregados das mercearias, dos bancos, das padarias, das lojas, estavam muito ocupados, com ar cansado e aborrecido.

O menino ia perguntando:

- Por que estão trabalhando no dia de Natal?

- Natal? Que é Natal?

- É o aniversário de Jesus - explicava Roberto. Mas todos lhe diziam com mau humor:

- Que Jesus é esse? Ora, não amole! Que tolice! Estamos muito ocupados, vá embora.

Roberto dobrou a esquina, pensando:

- Se Jesus não tivesse vindo... Vou à igreja. Vai haver lá um bonito culto de Natal.

Andou, andou... Chegando à rua da igreja, parou espantado, pois no lugar do templo, só havia um terreno vazio. "Parece que errei o caminho. Mas eu tinha certeza de que nossa igreja ficava aqui", disse Roberto consigo mesmo. Lá, no meio terreno, havia um cartaz com dizeres. Aproximando-se mais, ele leu: "Se eu não tivesse vindo..." Então o menino se lembrou das palavras que sua mãe lera para ele. Eram as mesmas da placa. E, triste, pensou: ''Oh, já sei. Jesus não deve ter vindo... É por isso que não há Natal nem igrejas."

Roberto pôs-se a andar para lá e para cá, desanimado. Então lembrou-se da caixa cheia de brinquedos que sua classe da Escola Dominical tinha mandado para o orfanato.I ria até lá ver a distribuição dos presentes. Mas quando Roberto chegou ao local, observou que, em vez do nome do orfanato no portão, estavam aquelas palavras: "Se eu não tivesse vindo..." Roberto passou pelo portão, mas viu que, em vez do edíficio, só havia o terreno vazio. Desorientado, Roberto continuou a andar. Na estrada encontrou um velinho que parecia muito doente. Ele lhe disse:

- O senhor está doente, não está? Vou depressa ao hospital pedir que mandem uma ambulância para buscá-lo.

Mas quando ele chegou ao lugar do hospital, não havia lá nenhum dos enormes edíficios. Aqui e ali, ele viu placas e cartazes com as palavras: "Se eu não tivesse vindo..." Aflito, Roberto dobrou outra esquina e seguiu para o abrigo de velhinhos, pensando: "Lá, no abrigo, o velhinho pode ficar em segurança". Mas, em cima do portão, em vez do nome do abrigo, estavam as mesmas palavras: ''Se eu não tivesse vindo..." Dentro da casa havia homens de cara fechada, jogando e dizendo nomes feios.

Roberto voltou para casa apressadamente, a fim de pedir explicaçao ao pai e a mãe, sobre aqueles acontecimentos. Ao atravessar a sala de visitas, parou para procurar na Bíblia aquelas palavras que ele via agora em toda a parte: "Se eu não tivesse vindo..." Folheou a Bíblia e só encontrou o velho testamento. Depois do livro do profeta Malaquias, as páginas estavam em branco. Não havia o Novo testamento. Apenas, no pé de cada página, estavam as palavras: "Se eu não tivesse vindo..."

Roberto deu profundo suspiro e ficou pensando:

- Que mundo terrível este! Não há igrejas, nem orfanatos, nem hospitais, nem abrigos para velhinhos, nem amor no coração das pessoas. Que tristeza! Por toda parte só vejo cadeias, casas de jogo, carros de polícia, doenças e tanta coisa ruim! Tudo por isso porque Jesus não veio!

Mas, neste momento, um alto-falante começou a tocar as lindas músicas de natal. Roberto prestou atenção. Era mesmo o mas lindo hino de natal que o alto-falante, lá na torre da igreja, estava tocando: "Noite de Paz! Noite de Amor''. E ele ouviu a voz alegre de sua mãe dizendo:

- Bom dia, Roberto. Feliz Natal!

Roberto deu um pulo da cama, e muito feliz de verdade , compreendeu que tudo aquilo tinha sido sonho. Ajoelhou-se, com o coração batendo de tanta alegria, fez esta oração:

- Oh! Senhor Jesus, graças te dou porque vieste! Graças te dou pelo teu Natal!


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Não vá, papai!

Era um dia de grande reunião. O auditório estava quase repleto, e havia uma imensa expectativa no ar. Pudera! Que grande orador ia falar. Era um homem ilustre e famoso!
E, antes do início da reunião, um senhor começou a procurar um lugar. Ele queria assentar-se lá na frente, e estava com uma menina no colo. A garotinha devia ter uns 5 anos e era muito bonita: clara, bem arrumada, e de olhar meigo e puro. E ele conseguiu um lugar, e assentou-se com a menina no colo, ainda.

Em poucos minutos o auditório lotou. Não havia nenhum lugar mais. E a reunião começou: o orador logo prendeu a atenção de todos. Ninguém se mexia. Eles não queriam perder nenhuma só palavra. Mas o que será que o orador estava falando que era tão interessante?

Era sobre a influência. Dizia que nós recebemos muitas influências. Por exemplo: um homem ilustre influencia outro homem. Uma pessoa simples, também influencia, com a sua simplicidade, a outra pessoa. Um mendigo, às vezes, até pode influenciar uma pessoa rica e famosa. Uma criança influencia outra criança, e as crianças assimilam o que a outra tem de bom. Influência.

Bem diz a palavra de Deus: "As más conversações corrompem os bons constumes". Influência. Um pai influencia o filho, a filha e a esposa.

Às vezes, o pai não percebe a grande influência que ele exerce, mas, não é que de repente, na frente das visitas, seu filho comete uma falta tão grave, que ele se assusta, e fica todo bravo... Mas também percebe que aquela falta que o irritou tanto é exatamente a que ele escondeu do seu filho. É a sua falha! Ele viu no filho aquilo que ele mais detesta, e que esconde dos outros. Pois foi precisamente aquilo que influenciou o seu filho. Então ele bate no filho. Que pena!

E há quem diga: eu não influencio ninguém, e não me deixo influenciar.

E aí, o orador parou e fixou os olhos naquele homem com a menina bonita no colo, pensou e disse: estão vendo aquela menininha ali? Até ela, tão linda e pequena, exerce muita influência. Quando o orador apontou para a menina, no meio daquele imenso auditório repleto de gente, o pai se levantou como se tivesse sido empurrado por uma mola, foi até a frente, e gritou: "Isto é verdade mesmo!"

O público ficou silencioso, o pregador meio embaraçado e o auditório curioso.

- Por que será que aquele senhor com a menina no colo gritou?!

E o orador percebeu a curiosidade de todos, e então perguntou:

- Por acaso o senhor poderia explicar o motivo de tamanha explosão?

O pai também estava meio confuso. Ele mesmo não esperava uma reação assim tão grande diante de todos, e estava meio assustado. Então olhou para os lados, depois para a filhinha no seu colo, e aí começou a falar:

- Sabem? Eu tinha um grande emprego. Eu era respeitado e querido na companhia. Mas um dia, recebi influências de uns amigos que me pareciam muito bons. Eles eram despreocupados, alegres e felizes. Mas, aos poucos, conseguiram me levar para uma casa de bebidas, e disseram: "Aqui é muito bom. A gente se esquece da vida. É divertido. Pra que só trabalhar, não é? Não somos escravos." A princípio, eu só olhei, mas depois, entre risos e piadas, eu bebi um pouco, e mais um pouco, e logo não conseguia mais voltar para casa sem antes sentir o cheiro da bebida, sem antes ouvir as risadas dos amigos e suas piadas. Eles eram tão engraçados! E nesta época, eu tinha uma linda filha!

E a voz daquele pai, agora, parecia um soluço.

- Minha filha tinha dezenove anos. Que filha! Boa, meiga, carinhosa, obediente, com o coração terno, tão terno como eu nunca mais vou conhecer outro. Pois minha filhinha, quando via que eu não voltava para casa logo, ficava com medo de que eu estivesse bêbado, que caísse na rua, que me machucasse, então, todas as noites ela ia até aquela casa de bebidas, e ficava na porta me esperando, e, de vez em quando, ela punha seu rostinho lindo pra dentro e dizia: "Vamos, papai? Vamos, paizinho, eu vim te buscar." Ela ficava do lado de fora, mas algumas vezes, eu a fiz entrar naquele lugar.

E o pai chorou, e a platéia também.

- E do lado de fora da casa de bebidas, chovia, ventava e fazia frio, muito frio. E quando ela já estava toda gelada, arriscava a dizer novamente, com sua carinha pálida, humilde: "Eu vim te buscar, paizinho." E quando eu saía, ela ia comigo para casa, e me abraçava, como que querendo me proteger. Mas aquelas noites em claro, no frio e na chuva, deram para minha filha um resfriado muito forte. E o resfriado nunca foi tratado, porque eu precisava beber. E o resfriado se transformou numa tuberculose. E a minha filha meiga, amorosa e obediente, um dia me chamou e disse:

- Paizinho, só há um caminho. Ele dá alegria e paz. Por que você não o segue, papai?

- Qual é esse caminho, filhinha?

- É Jesus, papai. Busque-o. Pegue a minha Bíblia. Ela está embaixo do meu travesseiro. Aí você vai achar o caminho para você e para nossa família. Papai, eu estou indo, paizinho. Adeus.

- E morreu o meu anjo, a minha filha. E eu fiquei desconsolado e triste. Então, em lugar de ler a Bíblia, eu fui para casa de bebidas, para me esquecer dela. Só que agora, eu tinha medo da noite. Tinha medo de ir sozinho. Tinha medo de voltar pra casa sem ninguém para me proteger. Lembrava-me dela sem parar. Então eu tive uma idéia: comecei a levar comigo essa outra filhinha, e ela só tem 5 anos. E eu ia todos os dias com ela. Não foi suficiente a morte da minha filhinha querida. Eu estava cego. A influência dos amigos, e agora daquele ambiente eram muito grandes. Maior do que o amor pelas minhas filhas. E lá ia eu com esta filhinha, andando de noite pela rua, e voltando de madrugada. E uma noite, quando eu estava chegando com ela na casa de bebidas, ouvi uma gritaria que vinha de lá. Havia um alvoroço, e pessoas iam e vinham. Até a polícia chegou! Apressei meu passo. Anda, filhinha, mais rápido um pouco. - falei.

- Não posso, papai, estou com sono. Quero dormir.

- E a gritaria aumentava e eu estava fascinado. Queria saber o que estava acontecendo. Então eu puxei minha filhinha, quase arrastando-a pela mão, e consegui chegar até aquela casa maldita, e minha filha falou com uma voz que ninguém nunca ouviu na vida:

- Não vá, papai, por favor.

- Mas eu entrei com o coração duro.

- Não, não entre mais, papai. Papaizinho, não vá lá. E ela disse medrosa e timidamente: Jesus, Jesus! Ajuda o papai.

- Eu ouvi. Ela falou bem baixinho. E, de repente, senti um calor na minha mão, e olhei assustado. Alguma coisa estava me queimando. Olhei bem. Era uma lágrima quente que escorreu dos olhinhos da minha filha, e foi até a minha mão, queimando-a. Fui tomado de uma emoção descontrolada. Num relance percebi tudo o que havia feito. Por influência desta minha filhinha e daquela lágrima quente, o véu que havia nos meus olhos caiu. Olhei para ela. Como você é linda, filha! Eu enxerguei. Fiquei livre da escravidão. Num relance percebi todo o mal que estava fazendo para minha filhinha, para minha esposa e... Senti toda a culpa da morte da minha amada e meiga filha, que se sacrificou por mim. E eu senti no coração a lágrima quente e a palavra "Jesus, Jesus" que esta pequenina falou.

Depois que falou tudo isso, olhou para o público, ficou quieto um pouco, e continuou:

- Acho que os senhores entenderam agora porque eu dei aquele pulo com a minha filhinha no colo, não é?

Que silêncio constrangedor!


E a filhinha abraçou o pescoço do papai, com força, e ele ainda falou:


- Pois eu nunca mais tomei um gole sequer de bebida alcóolica. Atravesso a rua para não passar em frente daquela casa maldita. Há doze meses que eu não bebo mais, e nunca mais vou beber, tudo por influência das minhas filhinhas... E de Jesus. Senhor pregador, perdoe-me, mas eu não pude me conter, porque confesso, recebi a influência direta e dolorida das minhas filhinhas.

E todo auditório continuou num silêncio imenso. Então o pregador, muito sério, olhou para todos e disse:

- Está encerrada a minha palavra. Foi mais do que suficiente.

Papai, dos lábios de Jesus Cristo saíram estas palavras que foram registradas no livro de Lucas 10:21: "Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que escondeste estas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelastes às criancinhas".

Como são belas as criancinhas!

Que Deus ajude você, papai, neste seu dia, e que a sua influência possa levar sua esposa, suas filhinhas, seus filhos e seus amigos, para os braços eternos e amorosos do Senhor Jesus Cristo.


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Os últimos pontos de mamãe


Eu chegara apressada em casa aquela tarde
Correndo, aproximei-me de mamãe
E com Alarido, a fremir de entusiasmo e regozijo
Dei-lhe a noticia, Alvissareira,
Do aniversário de Letícia
A amiga dedicada e boa companheira de estudos
"Mamãe", fui convidada
A ir também à festa
Como não tenho roupa apropriada
Só me resta esperar que a senhora,
Apronte sem demora a blusa escocesa que vovó me deu.
Ficaria muito bem com a saia de lã
Brilharei com certeza
Na festa de amanhã!
Mamãe olhou-me, suave como sempre
E apenas suspirou.
Notei em seu semblante uma expressão de dor,
De doença e fadiga
Que ela sempre amiga
Procurava ocultar num sorriso de amor.
Saí a preparar as minhas lições,
Depois fui ler histórias no jardim
E quando a tarde chegava ao fim,
Fui ver se o meu pedido
Já fora atendido.
Na sala quase escura
Avistei a costura
Dobrada com cuidado
Junto á máquina,
Ao desdobrá-la
Indiscutível foi meu desagrado
Apanhei o trabalho bruscamente
E fui apresentar à mamãe que na cozinha
Ultimava o jantar.


Meu rosto bem traia
O que eu sentia
"Mamãe, disse-lhe então
Eu lhe agradeço
A atenção que não mereço
Mas se a senhora não se incomoda
Digo-lhe agora
Que não gostei da blusa.
A senhora bem vê que não está na moda;
Mamãe olhou-me o rosto descontente
Todavia, não teve, o olhar de quem acusa
Mas sim o merencório olhar de uma doente.


Logo depois do jantar, eu a vi caminhar
Com passos arrastados
Para junto da máquina.
Seu rosto tornara-se macilento
E a costura tremia em suas mãos por um momento
Tristeza estranha me invadiu a alma
Senti quão rude fora, entretanto, o orgulho e a vaidade
Aniquilavam logo aquele sentimento
Que seria talvez de piedade
Ou uma espécie de arrependimento,
No outro dia, cedo ainda,
Mamãe com fraca voz se pôs a me chamar.
Estranhei, fui ao quarto dela correndo
E lá bem junto ao leito pude ver,
À frouxa luz da vela.
A blusa que mamãe estivera a fazer
Querida: disse ela, estou muito doente,
Entretanto ainda hoje espero levantar
E então darei os derradeiros pontos, alguns somente
Para a blusa terminar
Será que agora vais ficar contente?
Seu rosto iluminou-se docemente
Ao proferir as palavras últimas que de mamãe ouvi
Pois naquele mesmo dia
Quando no acaso o sol em agonia
Descansava do mundo e sua lida
Aquela que era o sol de minha vida.
Muito chorei arrependida de ter sido tão exigente
Em minha vaidade desmedida e hoje ainda
Choro amargurada ao contemplar a blusa inacabada
Onde está presa a agulha enferrujada
Com os derradeiros pontos que mamãe nunca mais deu!


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A alegria de Joy


Ismael era um garoto pobre que vivia no mexico, e não sabia ler nem escrever, pois nunca tinha ido á escola. Ele era pastor e precisava tomar conta do rebanho ainda que estivesse fazendo muito frio. Um dia ele pegou uns gravetospar fazer um fogueira mais não tinha fosforos. Um carro parrou e o motorista desceu.
- O senhor não tem um fosforo? - perguntou Ismael tinidamente.
- Sim - dissei o homem, sorrindo.
- Logo a lenha estava queimando.
Enquanto a lenha se aquecia junto ao fogo, o estrangeiro pegou uma peque na caixa em seu carro e girar uma manivela num dos lados da caixa.
De repente, a caixa começou a falar .
- Estou  entendendo. A caixa fala minha lingua - pensou  Ismael. - preciso escultor o que ela diz.
Nunca antes Ismael tinha visto algo semenhante. A caixa falante contou - lhe que Deus o amava. Ela disse que Deus o amava. Ela disse que deus enviou seu propio filho, o senhor  Jesus, a este mundo para morrer por seus pecados. O Senhor Jesus foi Sepultado, mas tornou a viver. O Filho de Deus convida as pessoas a cre nele e pedir perdão dos seus pecados. Ismael pensou sobre  aquilo. Ele sabia que tinha feito algumas coisas más qie preferia não ter feito.
O estrangeiro era um missionario, não sabia falar muito bem o idioma da tribo de Ismael, mas prometeu:
- Eu voltarei com a caixa que fala.
Todos os dias Ismael desejava que o missionario cumprisse sua promessa. Finalmete  ele veio! Mais uma vez Ismael ouviu as palavras da caixa  falante, Ismael disse:
- Eu creio que Jesus morreu por mim. Quero que ele venha morar em meu coração e tere os meus pecados.
Hoje, lá no Mexico, Ismael está pregando o evangelho, as boas novas que Jesus morreu e ressiscitou e que Ele veio para perdoar os pecados. Tudo isso aconteceu porque uma jovem, Joy Ridderhof, obedeceu ao Senhor Jesus e gravou partes da biblia na lingua de Ismael.


Desde bem pequena, Joy ouviu linguas que não podia entender. A caçulinha , dentre os irmão se lembra de quando ficava sentadinha na igreja Sueca em Los Angeles California (EUA), e dormia no colo da mamãe. A mãe de joy compreediaa a lingua sueca porque havia nascedo na Sué cia, e o pai de Joy também compreendia apesar de ter nascido na Holanda.
Muitas pessoas tinha vindo da Suécia para América para trabalhar. A mãe de joy tinha uma maneira especial de servir ao senhor. Ela convidaca essas pessoas para ficarem na sua casa ate encontrassem trabalho e um lugar  para morar. Mesmo que Joy não soubesse a lingua dessas pessoas, ela tentava fazer amizade com elas.


- O vovô e a vovó vão chegar da Holanda para morar com a gente - contava Joy toda estusiasmada. Ela não sabia falar holandes e seua avós não sabiam falar inglês, mas elas se tornaram grandes amigos. O vovô, com sua pequena barba e sua boina preta, quarda ciquenta relogiosde todo tiponos dois comodos que viviam. Joy se divertia brincando com as campainhas e ouvindo os cinquenta relogios: "tic-tac, tic- tac". E, melhor do que tudo, a vovó sempre tinha algum docinho ou bala para oferecer  á menina, que ficava encantada com aquele pequenos agrados.
Os pais de Joy não podiam se dar ao luxo de pagar passagem de ônibus para todas as crianças irem á igreja sueca. Então, eles as mandavam á escola dominical de uma igreja proxima e a uma classe semanal para crianças.
Quando Joy tinha 5 anos, ela ouviu um missionario contar sobre seu trabalho em Honduras, um pais da America Central.
- Eu quero ser uma missionaria - Joy decidui.
Mas ela não perguntou ai Senhor Jesus onde Ele que ela O servisse.
- Eu queria ia para Africa - afirmou ela.
Vocês acham que ela se tornou uma missionaria na Africa ou Deus tinha planejando algo melhor?
Nós sabemos que o plano de Deus é melhor. Ela diz em sua palavra: " Porque, assim como os céus são os meus caminhos mais altos do que os vassos caminhos, e os meus pensamentos"(Is.  55; 9).
Joy pensou muitas vezes:
- Eu não me lembro de um tempo em que não amasse ao Senhor Jesus. Eu ouvi sobre Ele na escola dominical. Mas eles falavam sobre ser "nascido de novo". Eu não acredito que tenha nascido de novo. Talves eu não esteja pronta para ir ao céu.
Talves Joy se lembrasse do verso da palvra de Deus que diz "... se alguem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus" ( Jo 3; 3). Vocês sabem o que significa ser nascido de novo? Quando as pessoas racebe ao Senhor Jesus como Salvador, ela nascer na familia de Deus; essa pessoa se torna um cristão.

Uma vez, numa grande reunião, alguém perguntou:
-Você é cristã Joy?
Ela abriu sua boca, mas foi sua mãe quem respondeu:
- Sim.ela é cristã.
Joy pensou:
- Mamãe pensa que sou cristã, porque sei tudo sobre Jesus. Mas eu sei que não sou. Eu tento ser boa, mas algumas vezes sou malcriadae preciso de uma boa surra. Sou tão temosa!
Ela lembrou - se de um versiculo biblico que tinha aprendido: "Pois todos pecaram e carecem da gloria de Deus" (Rm 3; 23).
- É a descrição de mim mesma - ela pensou.
Quando Joy tinha treze anos, ela ouviu um homem muito bondoso contar como jesus tinha amado a ela de tal maneira que foi punido pelos pecados dela. Ela pensou:
- Eu sempre amei e cri em jesus como filho de Deus. Sei que ele morreu na cruz pelos pecadores. Ele morreu na cruz pelos pecadores. Ele foi sepultado, mas viveu de novo.   Agora ele vive no céu....e eu quero que ele viva em meu coração.
Joy estava chorando. Ela estava triste por causa de seus pecados e queria ser perdoada. Ela orou e recebeu o Senhor Jesus como seu Salvador. E estava admirada:
- Por que não pedi ao Senhor Jesus para vir morar em meu coração quando era peuqena? Poderia ter nascido de novo há muito tempo!

Confirme ia ficando mais velha, joy começou a se perguntar:
- Sera que sou suficiente para servir ao senhor Jesus? Estou sempre convidando as pessoas paravir á igreja e aos estudos biblicos . Mas parece que há algura ciosa faltando em minha vida.
E ela pensava:
- Mesmo quando não quero falar rispidamente com os outros e dizer coisas não deveria ou os deixaria zangados, eu faço isso. Sou egoísta, e geralmente quero as coisas do meu jeito. Sei que sou cristã mas não é assim que o senhor Jesus quer que eu viva. Quero ser como Ele, e Ele não faria essas coisas.
Então, um dia uma amiga lhe disee:
- Diga apenas ao Senhor Jesus que Ele controle sua vida e creia que Ele o fará. Quando você o convidou paravir morar em seu coração, você creu que Ele veio. Agora pode confiar nele para ajuda- la a fazer o que Ele quer que você faça.
Joy fez isso. E descobriu:
- quando não insisto em fazer prevalecer o meu modo de pensar, é  mais  facil não perder a calma e não ficar pertubada por causa de coisas que não gosto. Deus mw ajuda a ser bondosae não egoista.


Joy foi para o campo missionario, mas não para a África. Foi para Honduras,o país sobre o qual havia ouvido quando tinha cinco anos.
Ela não  conhecia ninguémem honduras. E não podia falar a língua.
- Terei de aprender imediatamente o espanhol, e assim podererei conversar com as pessoas - joy descidiu. - lembrou - me de quando era uma garotinha, sentada na igreja  Sueca  com a minha mãe. Eu não podia entender o que o pregador dizia. Eu não podia entender meu avô e minha avóquando falava comigo em holandes. Como eu gostaria de ter podido conversar com eles. Mas agora, Deus me dirigiu para Honduras. Ele me ajudará a aprender a falar o espanhol.
Entretanto, algumas pessoas dali não gostavam de ouvir que precisavam receber o Senhor Jesus que poderia pedoar meus pecados. A vida de Joy esteve em perigo muitoas vezes. Uma vez lhe  serviram comida evenenada. Isso a fez ficar muito doente! Seus amigos se reunirampara orar. Joy melhorou e pode continuar e pôde continuar o seu trabalho.
Geralmente, Joy usava uma mula para ir ao encontro das pessoas atraves de estreitas trilhas nas montanhas. Ela se alegrava quando alguem rececia o Senhor Jesus como Salvadordo pecado. Mas depois de seis anos em honduras, ela estava muito cansada e fraca. Nessas condições era necessario um esforço muito grande para continuar, mas havia tanto que ela queria fazer.
Ela se sentia culpada quando as pessoas vinham visita-la e ela não tinha tempo par conversar. E havia um outro problema. O sotaque de JOy  era dieferente do daquelas pessoas.Ela pensava.
- Eu gostaria que houvasse um meio de faze-los entender melhor.
Um dia ela comentou com outro missionario:
- Gostaria que houvesse gravações em espanhol, que eu poderia colocar paraos visitantes ouvirem. Se eles tivessem gravações em sua propia lingua, seria muito mais facil para eles entenderem.
- Joy, Deus pode usar  você para fazer isso disse o missionario.
Joy continuava doente e se tornava mais debilitada a cada diaUma pessoa veio visita - la e disse:
- Por que você não volta para a america por um ano? Se você não voltar para casa agora creio que não voltara nunca.
Joy pensou:
- Eu não pareço estar bem aqui.Mas não quero deixar honduras e esse povo que eu amo tanto. Tenho estranho sentimento que não poderei mais voltar; e então quem lhe contará como podem ser salvos? Há tantos que ainda não ouviram do Senhor Jesus. Se houvesse alguma coisa que eu pudesse deixa-lhes para ensina -los sobre o Senhor !
Mas Joy decidiu que deveria voltar retonar para casa. Quando chegou ouviu o medico dizer:
- Você precisa de muito descançopara melhorar.
Ela desconçou. mas mesmo assim não melhorou.
Joy sempre estava implorando ao senhor que a deixasse voltar para Honduras. Mas ela queria fazer a vontade de Deus, e então orava ao Pai Celestial:
- Eu seei que serei uma invalida, se é isso que o Senhor quer. Sei que o Senhor tem um proposito ao me deixar experimentar isto.
Parecia que Deus lhe dizia:
- Joy eu quero que você fique alegre!
Deus não havia dito que os Seus caminhos e os Seus pensamentos eram mais altos que eos delas?
Joy se lembrou das pessoas de Honduras e orou:
- Por favor, Deus, ajude aqueles conhecem o senhor a crescer para ficar parecidos com o Senhor Jesus.
Joy pensou numa pobre viúva que ela tinha levado a conhecer o senhor Jesus. A pobre mulher que morava nas montanhas, tinha tentado com grande esforço aprender um versiculo da biblia, mesmo não sabendo ler nem escrever. Ela repetiu o verso muitas e muitas vezes. Joy ficava desejando:
- Se ao menos eu tivesse uma gravação em espanhol para enviar a ela.
Ela orou:
- Senhor, mostre como posso fazer isso.
E decidiu que tentaria fazer as graavações. Imediatamente, ela começou a aprender a tocar violão.
- Por que você quer aprender tocar violão? - perguntou o professor de música.
- Os espanhois gostava de musica de violão, por isso estou pranejando usar isto com musicas espanholas. Quero fazer gravações em espanhol para ensinar as pessoas como receber ao senhor Jesus e como viver para Ele - ele explicou.
Seu professor ficou interessado.
- coneço um homem que tem um esquipamento especial em sua casa, para fazer gravações. Estou certo de que ele poderia ajuda- la. Ele foi missionario na America Central.
O custo para fazer o primeiro disco foi trinta dollares. Alguns amigos deram dinheiro para Joy. Ela ficou impressionada ao discubrir que tinha recebido a quanti exata!
Entusiasmada ela escultou aquele primeiro disco.
- Esta é a respoosta da minha oração. Agora tenho um meio de enviar a mesangem aos pequenos vilarejos pelo interior de Honduras. Pesooas que nçao sabem ler nem escreverserão capazes de escultar o disco. Elas ouvirão a palavra de Deus. Agora sei por que Deus permitiu que eu ficasse doente. Ele queria que eu viesse para casa produsisse esses disco com a mensagem do evangelho em espanhol! Ele vai me mostrarcomo arranjar um jeito de providenciar o toca discos também. Eles terão que ser movidos a mão porque as pessoas dessa vila não tem eletricidade.
Joy usava o sotão da sua casa como escritorio. Ela escreveucartas para missionarios em Honduras oferecendo - se para enviaz os discos. seria preciso empacota-los bem, para que não se quebrassem.
Joy pensou em seu sotaque e resolveu:
- Acho melhor não usar a sua voz no disco.
Ela escrever as mensagens e cronometrou - as para que tivesse três minutos de duração. Depois, encontrou as pessoas que podiam falar e cantar nas sua propria língua.
Joy não lucrava nada, mas pedia a Deus que enviasse o dinheiro que ela precisava. Deus Respondia sua oração encorajando pessoa a dar. O dinheiro sempre chegava na hora.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A noite de natal

Uma Verdadeira História de Natal


Havia uma menina de 7 anos de idade que se chamava Maria e ela era muito pobre, pois vivia numa casa humilde, de madeira. Maria tinha só a mãe para lhe criar, pois o pai havia morrido num acidente pouco depois do nascimento da filha. E a mãe deixava a menina numa escola municipal enquanto pegava papelão e sucata nas ruas e nos lixões. Com a venda da sucata mal dava para comprar comida.

Mãe filha passavam extrema necessidade material, em certos dias não tinham nem pão para saciar a fome. Maria também não tinha brinquedos. Os únicos que tinham era quando a mãe lhe trazia alguns pedaços de papelão e uma caixa velha de sapato para fazer alguns brinquedos. As vezes a mãe lhe trazia uma boneca que encontrava nas sobras do lixo, mas esta boneca geralmente vinha sem braços e sem cabeça, pois se estava no lixo era porque não prestava mais ao dono.

E foi chegando a época do Natal, e a menina ouviu na escola da professora que nesta época Papai Noel trazia presentes às crianças, que somente era preciso colocar um bilhetinho dentro de uma meia e colocar perto da janela do lado de fora da casa para que o "Bom Velhinho" trouxesse os presentes. Nesta época, ela costumava andar pelas ruas da cidade, e ver a cidade enfeitada, cheio de luzes piscando nas árvores e as pessoas andando cheios de pacotes de presentes, e em algumas lojas viu homens vestidos de Papai Noel conversando com as crianças. Maria se encheu de sonhos e queria uma boneca, que tivesse pelo menos completa, com a cabeça , os braços e as pernas. E a cada dia, com o Natal chegando, ela cada vez mais ficava sonhando com a boneca, pois afinal nunca tinha recebido um presente de Natal.

Imaginemos a situação da mãe de Maria, mal tinha dinheiro para comprar comida, e não podia comprar nem brinquedos de R$ 1 (Um Real) nas lojas. Na véspera de Natal escreveu com dificuldade o pedido ao Papai Noel, pois não sabia direito ler e escrever. Esperou a mãe ir dormir e colocou o bilhete numa meia rasgada, pois era a única que tinha e colocou-a do lado de fora da casa perto da janela.

Em seguida, Maria ficou deitada na cama pensando em como seria a boneca que o Papai Noel traria e demorou a dormir. E devido a sua imensa ansiedade, assim que amanheceu, acordou antes da mãe e foi correndo verificar se ao lado da meia havia o presente que o "Bom Velhinho" iria lhe trazer. Chegando lá, para sua tristeza, viu que estava só a meia e que o Papai Noel se esquecera dela e não trouxera a tão sonhada boneca. Ficou chorando o dia inteiro, pois via que as crianças que moravam no bairro estavam brincando com os presentes de Natal e ela se perguntava porque o Papai Noel se esqueceu dela, pois ela tinha sido uma boa menina e nunca tinha brigado com a mãe.

Imaginemos o sofrimento e a desilusão de Maria por acreditar num conto de Natal. Este é o Natal que os homens criaram. Bem longe do verdadeiro significado desta data, fazem desta época, um Natal materialista, egoísta, preconceituoso, onde só alguns podem ter os presentes caros, as ceias fartas de comida. Muitos pais de famílias simples, apesar de levaram uma vida financeira difícil, ensinam as crianças sobre as fantasias do Papai Noel, e compram presentes, entram em dívidas, apenas para manter ainda vivo este mito, esta fantasia.

Voltemos a história, passados alguns anos a mãe de Maria veio a falecer, pois havia ficado doente, catando sucata nos lixões da cidade. A menina cresceu e para sobreviver trabalhava como empregada doméstica. Hoje, esta menina já é uma senhora com 30 anos de idade. Graças a Deus ela tem uma vida um pouco melhor, se casou com um rapaz de família simples e tem dois filhos. Ela não é rica, paga aluguel de uma casinha de três cômodos, e tem o que comer e o que se vestir. Conheceu também uma moça, no qual se tornaram grandes amigas, e foi esta moça que lhe apresentou Jesus para ela. Maria nunca tinha ouvido falar dele. E descobriu que podia ser feliz neste mundo apesar das dificuldades que a vida oferece. Aprendeu que a vida não se resume pelo ter e sim pelo ser. Que os bens materiais são apenas provisórios e que os bens espirituais são eternos.

Maria ensinou aos filhos que Papai Noel não existe, é apenas uma fantasia, um conto de Natal, e que esta data é importante pelo nascimento de Jesus, e que devemos comemorar o seu aniversário. E em vez de nós darmos ao aniversáriante um presente, é ele que nos dá o verdadeiro presente de Natal, pois nos ensina a viver de verdade, sem falsas ilusões, sem discriminação, onde ricos e pobres, doentes e sãos, negros, brancos, amarelos ou vermelhos, podem ser felizes se aprenderem e seguirem os seus ensinamentos.

Maria hoje tem uma família unida, onde todos são felizes pelo que possuem, não vivem de ilusões que o mundo pode dar, mas vivem pela certeza dos ensinamentos de Jesus. São os únicos que produzem justiça, igualdade e mostram que a morte não existe.

Saindo da história, vamos pensar um pouco: Nós, as vezes reclamamos que não conseguimos comprar um carro novo, uma casa um pouco maior, uma roupa de grife, um videogame para nossos filhos, porque não temos dinheiro suficiente para comprar. Devemos agradecer à Deus pelas riquezas que temos e que não damos valor. A casa que temos, embora seja simples, pelo menos não moramos debaixo das pontes e em favelas. As roupas que possuímos, embora não sejam de marca e nem da moda. A comida que temos, que embora não seja farta, pelo menos não passamos fome. Pela saúde que temos, pois enxergamos, falamos, ouvimos, podemos andar.

E para terminar esta verdadeira História de Natal, podemos ter o mesmo final feliz, vamos aprender com ela que descobriu a verdadeira felicidade e que podemos ser felizes com o que temos, procurando fazer o Bem as outras pessoas. E este é um presente que todos podemos dar, se o quisermos e se esforçarmos de verdade.

A verdadeira história do Pai Natal

As ruas da cidade estão enfeitadas com iluminações coloridas. Há tantas luzinhas! Parece que todas as estrelas do céu caíram e ficaram presas nas janelas… O Gonçalo sonha… Enquanto olha pela vidraça para a neve branca e leve.

Esta noite o Pai Natal vai passar!

Vem então aninhar-se nos braços da sua mãe. Tem tantas coisas para lhe perguntar…

— Mãe, onde mora o Pai Natal? O que é que ele faz durante todo o ano, enquanto espera pela época do Natal? E como é que ele me vai trazer os brinquedos que eu pedi?

— Vá lá, tem calma, diz-lhe a mãe. Se quiseres levo-te ao país do Pai Natal! Vou contar-te a verdadeira história do pai Natal…

O Pai Natal vive numa casinha muito pequena que fica no meio da neve e dos glaciares, longe, muito longe daqui. Está tão bem escondida entre os pinheiros, que ninguém consegue vê-la. É uma casinha muito quentinha e muito acolhedora porque o Pai Natal é muito sensível… Mas, nunca lá entrou ninguém! Ele é um velhinho bondoso, mas não gosta de curiosos…

— Mãe, se eu pudesse espreitar pela janela, achas que conseguia ver o piano eléctrico que pedi?

— Oh! não. Irias perturbar o Pai Natal: na sua oficina, diante da velha banca de trabalho, com as ferramentas, que continuam sempre novas, ele fabrica os brinquedos para todas as crianças do mundo. Ele aplaina, corta, martela, cola, pinta… Ah! Ele tem muito trabalho!…

Mas o Pai Natal acaba de olhar para o calendário…

“Como? Hoje é dia 24 de Dezembro? Já?” Há um ano que ele trabalha, todos os dias, para que os brinquedos de todas as crianças do mundo estejam prontos. “Rápido, o meu cesto! Mas o meu casaco está cheio de pó e as minhas botas precisam de ser engraxadas… Ah! Ai Ai! Não tenho tempo…”

Com uma escovadela, a poeira desaparece e o casaco fica novamente bem vermelho, a gola recupera a cor da neve e as botas brilham como um espelho.

A porta abre-se ruidosamente com um golpe de um casco.

“Temos fome!”, gritam “Stem” e “Schuss”, as duas renas do Pai Natal, as duas únicas renas do mundo que sabem falar.

“Não me esqueci de vós! Tenham um pouco de paciência, as duas… Tenho de calçar as botas”, resmunga o Pai Natal.

O Pai Natal tem bastante dificuldade em calçar as suas botas. Há um ano que não o fazia e os seus pés já não estavam habituados a um espaço tão estreito… Mas, por fim lá consegue! Lá vai ele ter de sair da sua casinha… ela é tão quentinha e tão acolhedora! E lá fora, naquele grande frio glacial, a neve é tão espessa! E ainda por cima é preciso levar aqueles embrulhos todos… Há tantos e o cabaz é tão pesado!

— O que é um cabaz?, pergunta o Gonçalo.

— É um grande cesto em vime onde o Pai Natal leva todos os brinquedos. Para caminhar, ele põe-no às costas. Vês como o cesto vai carregado!

Apesar da neve espessa e do frio, “Stem” e “Schuss” estão radiantes: é noite de Natal! Elas vão ter a mais bela saída do ano. O Pai Natal prepara-as com todo o cuidado. E, enquanto as atrela, acaricia-as com suavidade. Depois, carrega o seu trenó mágico com embrulhos multicolores que nunca mais acabam! Será que já estão todos? “Não me posso esquecer de ninguém! Não poderemos voltar para trás, porque esta noite vamos estar muito longe!”, diz ele às suas renas.

— Diz-me, mãe, ele vai passar por nossa casa?

— Claro! O Pai Natal não se esquece de ninguém…

Chegou a hora da partida! O Pai Natal comanda as suas renas. “Juntas, juntinhas, voai, voai, minhas queridinhas!” E logo o trenó sobe em direcção às estrelas.

Um último olhar para a sua pequena casinha, para verificar se as luzes estão apagadas, e aí vão eles pelo céu escuro… Ao longe, o trenó luminoso parece-se com uma estrela cadente que tilinta como uma campainha: “Tlintlim! Tlintlim!”. O Pai Natal também está muito contente. Por isso canta a canção de Natal que ensinou a “Stem” e a “Schuss”, as duas únicas renas do mundo que sabem cantar. É uma canção tão bonita que embala a Lua e afasta as nuvens…

— Oh! mãe, parece que estou a ouvir…

Depois de uma viagem muito, muito longa, o trenó chega à cidade adormecida e fica a pairar por cima dela. De repente, pára, como por encanto, ao lado do telhado de uma grande casa. “Stem” e “Schuss” também sabem fazer alguns truques de magia! O Pai Natal olha para a casa silenciosa. É preciso que todas as luzes estejam apagadas! Então, carregando o seu cesto, ele entra na chaminé! Mas resmunga um pouco…

“Ui! Ou a minha barriga está muito grande, ou este ano as chaminés estão demasiado estreitas! Vamos lá a uma escorregadela por aqui abaixo!”

— E eu escondia-me e ficava muito quieto a ver o Pai Natal, diz o Gonçalo!

— Oh não! Ouvi dizer que ele não distribui brinquedos aos meninos que não estão a dormir…

Está bem escuro dentro de uma chaminé! Felizmente o pinheiro tem muitas luzinhas acesas. Senão como é que o Pai Natal descobriria o caminho?

“Ora vejamos! Não me posso enganar. A Carolina pediu-me uma casinha de bonecas e o Paulo um robô. Hum!… E a Camila, a bebé da casa, já não me lembro… Ora vamos lá a ver a carta com os pedidos… É isso: um ursinho de peluche! E ainda um osso com música para Piloto, o cãozinho…” E assim, durante toda a noite, o Pai Natal passa pelas casas de todas as crianças do mundo.

Sabias que há crianças que põem duas cenouras junto à chaminé para “Stem” e para “Schuss”, as renas do Pai Natal?

O Pai Natal terminou a sua viagem. “Adeus, meninos e meninas! O dia está a começar: temos de voltar para casa! “Juntas, juntinhas, voai, voai, minhas querídínhas!” E o trenó do Pai Natal eleva-se no ar com suavidade. Atrás dele, uma grande nuvem cor-de-rosa esconde-o até a cidade ficar bem longe. As crianças estão quase a acordar e o Pai Natal não se quer mostrar. Ele ainda tem uma longa viagem a fazer até à sua pequena casinha, longe, longe, muito longe daqui.

— Como eu gostaria de andar naquele trenó, diz o Gonçalo, a sonhar…

Depois da sua longa, longa viagem de regresso, o Pai Natal chega finalmente a casa. Deixa-se escorregar com prazer sobre a poltrona. Está tão cansado que nem descalçou uma das botas… Mas sorri, muito feliz. Ele sonha com a alegria de todas as crianças do mundo que, agora, rasgam os papéis dos embrulhos para descobrirem os seus brinquedos!

“Acho que não me esqueci de ninguém…”

“Stem” e “Schuss” estão um bocadinho tristes. Elas olham para o cesto vazio com alguma pena… Mas também estão muito orgulhosas por terem galopado tão bem por entre as estrelas. E que elas conhecem perfeitamente todos os caminhos do céu…

— Mãe, será que eu posso pôr duas cenouras perto da chaminé?, pergunta o Gonçalo a suspirar.

Chegou a noite de Natal…

O Gonçalo pôs os seus sapatos junto à chaminé e deixou uma pequena vela acesa perto do pinheiro. O Pai Natal precisa de luz para ler a carta com os seus pedidos… Para que não se esqueça de nada!

Querido Pai Natal,

Gostaria de ter uma bicicleta de montanha para subir e descer as colinas, e aquele livro que vi na biblioteca, e um piano, e uma caixa confortável para que o meu ratinho branco fique bem quentinho quando chove.

Obrigado, Pai Natal!

Gonçalo.

O Gonçalo sonha… Que história! E como esta é uma história verdadeira, deve ser um verdadeiro Pai Natal…

Colette Seigue; Téo Puebla
A verdadeira história do Pai Natal
Porto, Porto Editora, 1995
Adaptado

Rudolfo e Brita


Ainda ele vinha a subir as escadas e Joana já o ouvia cantar: “Era uma vez uma rena…” Joana soltou um gemido e gritou pela mãe, atarefada na cozinha:


— O Rudolfo já lá vem!

Jacob era o nome verdadeiro de Rudolfo e era o irmão mais novo de Joana. Andava na primeira classe e fora lá que lhe ensinaram aquela canção idiota e esquisita. Por acaso, a culpa era da Olívia, que no ano passado lhe tinha oferecido a rena Rudolfo em peluche.

“…chamara-lhe Rudolfo…” Jacob abriu a porta e não parava de cantar, enquanto tirava a roupa. “… com o nariz vermelho…” Joana levou as mãos aos ouvidos. Era de ficar maluca!

— Mãããe! — gritou em socorro. Mas a mãe limitou-se a aparecer à porta da cozinha, rindo enquanto limpava as mãos.

Jacob não largava Rudolfo, embora Joana já lhe tivesse explicado cem vezes que aquele boneco era só para o Natal. Pelo volume da canção, reparou que o irmão se dirigia ao quarto dela.

Quando a porta se abriu, uma almofada voou direita à cabeça de Jacob acompanhada de uma ordem:

— Cala a boca!

— Estás maluca? — Jacob deu um pontapé à almofada. — Sempre é melhor do que a tua Brita Suspiro! — respondeu-lhe furiosamente.

— Chama-se Britney Spears!!

Joana estava farta. A voz da mãe pôs fim à briga.

— Já chega. A comida está pronta.

Mal se sentaram à mesa, Jacob começou a tagarelar. “Já é muito bom que não cante!”, pensou Joana com um ranger de dentes.

— Esta manhã encontrei nas escadas a Dona Carminda e hoje à tarde também — Jacob estava lançado.

— As coisas excitantes que te acontecem! — felicitou-o Joana com ironia. Não gostava da velha Dona Carminda. Morava no rés-do-chão, devia ter no mínimo cem anos e era caturra. Resmungava se não se limpava devidamente os pés, quando se fazia barulho… e, de uma vez em que Joana deixara a porta aberta, quase cuspira veneno. Está bem, era Inverno, mas um pouco de ar fresco nunca fez mal a ninguém.

— E depois? — perguntou a mãe.

— Depois dei-lhe o Rudolfo.

— O quêêê?

O grito de Joana foi tão repentino, que um tortelini lhe saiu a voar da boca por cima da mesa como uma flecha.

— Ugh! — disse Jacob e explicou à mãe, que o olhava de boca aberta: — Hoje de manhã meteu conversa comigo porque há muito tempo que me ouve cantar.

— Tenho a certeza que te disse para fechares a boca — disse Joana.

— Não, nada disso! Até gostou e quando eu voltei agora, perguntou-me como estava o Rudolfo.

— E tu ofereceste-lho? — Joana ainda não podia acreditar.

— Não, só lho emprestei — respondeu Jacob com um encolher de ombros. — Achou-o tão querido e ela está tão sozinha… e disse que devíamos passar por lá um dia destes para provar o bolo de fruta dela.

— Nóóós?

— Claro, os dois, foi o que ela disse. E também disse — e fez uma careta de enjoo — para levar a minha bonita irmã. Só tenho uma, não é? — disse, virando-se para a mãe com um sorriso amarelo.

— Eu não vou! — disse Joana peremptória.

— Vá lá — a mãe beliscou-lhe a face. — Daqui a pouco é Natal. Faz isso por gentileza. Não têm de ficar muito tempo. A senhora não deve receber muitas visitas e de certeza que fica contente.

— Eu não vou — repetiu Joana decidida. Mas acabou por ir porque Jacob lhe disse que a Dona Carminda ia julgar que ela era uma medricas.

— Então vamos já amanhã à tarde! — decidiu.

A mãe deu-lhes uma pequena vela para levar, o que deixou Joana mais contente, porque não fazia ideia do que dizer à Dona Carminda. Em frente da porta, teve uma sensação esquisita. Se calhar a senhora ia começar imediatamente a resmungar e o idiota do irmão, depois de tocar à campainha, entusiasmado, saltitava de uma perna para a outra, como se fossem visitar o Pai Natal em pessoa.

— Olá! Mas que bela surpresa! — disse a Dona Carminda radiante, assim que abriu a porta. — Não vos esperava tão cedo. Ainda bem que já fiz o meu bolo.

Jacob deu uma cotovelada a Joana, apontando para o embrulho que levava nas mãos.

— Ah, sim. Hum, tome, da parte da mãe, para o Natal.

— Não, é de nós todos — protestou Jacob.

Aquele “graxista”… Joana lançou-lhe um olhar fulminante que ele, infelizmente, não viu, porque estavam a entrar.

— Fico muito contente — disse a Dona Carminda, radiante, a Joana. — Já estava a pensar que talvez tivesses ficado zangada comigo no outro dia por te ter ralhado por causa da porta.

Jacob ia falar, mas reteve o comentário ao ver o olhar de Joana.

— Ah, não — respondeu ela, corando ligeiramente.

— Vamos para a cozinha — disse a anfitriã. — Exagerei um bocado, é verdade, mas primeiro, estava doente e depois, há sempre tanta corrente de ar cá em casa! Vamos passar uma esponja por cima disto, está bem? Já moramos há tanto tempo no mesmo prédio e não nos conhecemos. Mas o teu irmão já me falou muito de ti.

— O quêêê?

Jacob esquivou-se rapidamente para a cozinha. Estava quente e havia uma mistura de aromas muito agradável.

— Vou fazer um café para mim e um chocolate quente para vocês e depois vão provar o meu bolo de frutas. É a minha especialidade, mas lá por isso não tem de agradar a todos.

Colocou a vela da mãe em cima da mesa e o olhar iluminou-se-lhe.

O bolo estava delicioso e o chocolate quente era muito diferente do que Joana e Jacob estavam habituados. A Dona Carminda falou-lhes dos Natais da sua infância e Joana, esquecendo-se que talvez tivessem sido há cem anos, ria-se com gosto. Só quando acenderam a vela, porque estava a anoitecer, é que reparou que já lá estavam há muito tempo. Mesmo assim, a Dona Carminda acabou por dizer:

— Acho que é melhor irem agora para cima. Venham visitar-me quando quiserem. E para o caso de não nos vermos antes do Natal, tenho uma coisinha para cada um.

Abriu um armário e tirou o Rudolfo de Jacob.

— O médico de bonecas fez uns melhoramentos ao teu amiguinho. O pobrezinho já estava bastante estragado.

Depois virou-se para Joana:

— Espero ter acertado. O Jacob disse-me que eras uma grande fã da Brita Suspiro — não faltava muito para Joana rebentar mas, antes de ela explodir, a Dona Carminda disse: — Mas depois cantarolou-me uma das músicas e eu acho que é a Britney Spears, não é?

Joana ficou de boca aberta mas, por sorte, desta vez não havia tortelinis lá dentro. A Dona Carminda ria a bom rir ao entregar-lhe o Cd.

— Imaginas a cara que fizeram na loja ao verem uma velhota pedir Britney Spears?

Jacob deu primeiro um beijo no nariz do Rudolfo e depois outro à Dona Carminda.

Joana não fez o mesmo mas dali para diante passou a fechar sempre a porta com cuidado e de vez em quando a visitar a senhora e comer bolo de fruta com chocolate quente.




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O comboio de Natal


Há muitos, muitos anos, numa terra bem distante, um ferroviário, de nome Vassil, vivia com a filha, Malina, numa pequena estação.


Competia a Vassil zelar pela segurança do caminho-de-ferro que atravessava as montanhas, já que súbitas quedas de rochas podiam bloquear a linha e causar acidentes.

Na tarde da véspera do Dia de Natal, Vassil estava, como de costume, a trabalhar na estação. Em casa, Malina ocupava-se da decoração da árvore e não parava de pensar no presente que o pai lhe prometera: o que seria? Estava desejosa de o ver regressar e corria para a janela constantemente, a ver se o avistava.

De repente, ouviu um ruído semelhante a um trovão. A sua cadelinha, Bella, desatou a ladrar e a arranhar a porta com força.

— Deve ter sido uma queda de rochas — exclamou Malina, horrorizada, correndo para fora de casa.

Com efeito, a linha de caminho-de-ferro encontrava-se bloqueada por uma enorme quantidade de rochas. Depois do estrondo, instalara-se na montanha um profundo silêncio. Malina sentiu-se assustada:

— O comboio expresso vai chegar dentro de meia hora! E agora, o que faço? O que faria o meu pai? Já sei! Tenho de avisar o maquinista.

Pensou durante algum tempo. Depois, correu para casa, acompanhada por Bella, aos saltos. Malina lembrou-se do que o pai lhe tinha dito vezes, vezes sem conta:

— Se a linha estiver bloqueada, coloca-te 400 metros à frente do acidente e acende uma fogueira. Depois, acena sem parar com uma lanterna para avisar o maquinista e dar-lhe tempo para travar.

A menina pegou na árvore de Natal e levou-a consigo. Nem deu pelas decorações que iam caindo pelo chão. Correu pela linha abaixo em direcção ao túnel, arrastando a árvore. Faltavam apenas 15 minutos para a chegada do comboio! O túnel estava escuro e silencioso e o brilho da neve ao fundo mal se via. Malina, porém, continuou a arrastar a árvore, sem largar a lanterna acesa. Em breve saiu do túnel e começou a atravessar a ponte; agora, o expresso far-se-ia ouvir a qualquer momento.

Chegou, por fim, ao local que escolhera. Estava sem fôlego devido à corrida e as suas mãos tremeram quando pegou fogo à árvore. As chamas altas que se ergueram no céu nevado mais pareciam velas gigantes. Malina conseguia ouvir o comboio a aproximar-se cada vez mais. De repente, ei-lo a sair do túnel, envolto em grossas nuvens de fumo.

Foi então que o maquinista viu a fogueira e a lanterna. Puxou imediatamente pelo travão de emergência e desligou a locomotiva. Ouviu-se o som estridente do apito. O enorme comboio tremeu, estremeceu e, lentamente, acabou por se imobilizar. Lá dentro, andava tudo aos tropeções. Os passageiros tombaram dos assentos e as bagagens caíram no chão. O caos instalou-se no vagão-restaurante: empregados, pratos, bolos e peixe viram-se, de repente, atirados ao ar.

Lá fora, rodeada pela neve, Malina permanecia imóvel, a segurar a lanterna acesa e a olhar para o enorme comboio arquejante. O maquinista e o revisor saltaram do comboio e foram ter com a menina.

— Olha, é a Malina! — exclamou o maquinista.

— Há uma enorme queda de rochas em frente do túnel grande e eu tinha de vos avisar — disse Malina.

Os dois homens entreolharam-se com admiração. Em breve, todos no comboio sabiam da queda de rochas e de como a menina os tinha salvado. Alguém disse:

— A pobrezinha deve estar cheia de frio, ali no meio da neve.

E logo Malina foi conduzida ao vagão-restaurante, que estava bem quentinho e cheio de rostos que a fitavam. Percebeu que as pessoas falavam entre si e, de repente, viu-se rodeada de presentes! À entrada da carruagem, o pai observava-a. Vassil segurava nas mãos um cordeirinho branco como neve, com manchinhas negras atrás das orelhas. “Que magnífico presente de Natal!” pensou Malina, correndo para o pai.

— Anda, pai, vamos para casa — pediu. — A Bella deve estar a pensar no que nos terá acontecido.

O maquinista esperava-os lá fora com uma bela árvore de Natal, que tinha ido à floresta cortar para eles. Agora, Malina e o pai já podiam celebrar o Natal como queriam.

Sabem porque conheço esta história?

É que, há muitos anos, quando era criança, passei um Natal nessa mesma estação de comboio, com a minha tia Malina e o meu avô Vassil…




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As luzes de Natal


Antes de o meu pai morrer, o Natal era uma época mágica nos longos e escuros invernos de Bathrurst, em New Brunswick. Os dias frios e tempestuosos começavam cedo, logo no fim de setembro. A dada altura, acendiam-se as luzes de Natal e a expectativa crescia. Por alturas da véspera de Natal, o vulgar pinheiro que o meu pai arrastara até nossa casa dez dias antes adquiria uma vida própria, plena de magia e de luz. O seu brilho era de tal forma maravilhoso que conseguia, sozinho, afastar toda a escuridão do inverno.


Na véspera de Natal, pouco antes da meia noite, agasalhávamo-nos bem e íamos à missa do galo. A beleza do som do coro causava-me arrepios e, quando a minha irmã mais velha, que era solista, cantava Noite Feliz, a minha face corava de orgulho.

No dia de Natal de manhã, eu era o primeiro a levantar. Saía da cama atabalhoadamente e descia em direção ao brilho intenso da sala de estar. Embora tentasse manter-me direito, os olhos cheios de sono faziam-me cambalear. Quando entrava na sala, via-me diante do esplendor do Natal. Os meus olhos toldados e cheios de sono criavam uma auréola à volta de cada luz, amplificando-a e aquecendo-a. Após uns breves instantes, esfregava os olhos e via uma infinidade de fitas e laços e um amontoado de presentes coloridos. Nunca me esquecerei da sensação do primeiro vislumbre dessa manhã. Após alguns minutos a sós com a magia do Natal, ia buscar os meus irmãos e juntos acordávamos os nossos pais.

Certa noite de novembro, quando faltava um mês para o Natal, eu estava sentado à mesa da sala de jantar a jogar o Solitário. A minha mãe estava ocupada na cozinha, mas, de vez em quando, aproximava-se da sala de estar para ouvir o seu programa de rádio preferido.

Embora estivesse escuro e frio lá fora, o interior da casa estava agradável. O meu pai tinha-me prometido que à noite jogaríamos as cartas, mas já estava quase na hora de ir para a cama e ele ainda não tinha chegado. Quando o ouvi entrar pela porta da cozinha, levantei-me de um salto e fui ao seu encontro. Embora lançasse um olhar preocupado à minha mãe, o que achei estranho, abraçou-me quando corri para os seus braços. Adorava abraçar o meu pai numa noite de inverno. O casaco grosso e frio comprimia-se contra a minha cara e o cheiro do gelo misturava-se com o cheiro da lã.

Só que desta vez foi diferente. Depois dos segundos iniciais do abraço habitual, o seu corpo começou a ficar hirto. Fiquei um pouco assustado com esta reação anormal e senti-me aliviado quando a minha mãe me arrancou dos braços dele. Naquela altura, não compreendi que o meu pai acabava de sofrer um enfarte. Pediram-me para descer para o quarto de jogos e para brincar com os meus irmãos. Do fundo da escada, vi chegar o médico e o padre. Mais tarde, vi os enfermeiros entrar e depois vi-os sair, transportando uma maca coberta com uma manta vermelha. Não chorei na noite da morte do meu pai, nem no dia do funeral. Não que reprimisse as lágrimas. Simplesmente, não tinha lágrimas para chorar.

Na manhã do dia de Natal, como habitualmente, fui o primeiro a levantar-me. Mas este ano era diferente. A manhã já despontava no céu. Mais acordado do que de costume, desci para a sala de estar. Só me apercebi de que havia algo de estranho quando entrei na sala. Em vez de ficar ofuscado com as luzes brilhantes, conseguia ver tudo com nitidez naquela sala sombria. Conseguia ver o pinheiro, os presentes e até, através da janela, um pouco do exterior. O meu pai já não estava presente para assegurar que as luzes do pinheiro tinham ficado acesas. Quebrara-se a magia do Natal da minha infância.

Entretanto, os anos passaram. Durante a minha juventude, voluntariei-me sempre para trabalhar no Natal. O dia de Natal não era bom, nem era mau. Era mais um dia cinzento de inverno, com a vantagem de receber algum dinheiro extra pelo facto de trabalhar.

Depois apaixonei-me e casei-me. O primeiro Natal do nosso filho foi o melhor que eu tinha tido em vinte anos. À medida que ele foi crescendo, o Natal foi melhorando. Quando a nossa filha nasceu, já recuperáramos algumas tradições familiares e o Natal tornou-se, de novo, uma época maravilhosa. Era divertido esperar pelo Natal, ver a excitação das crianças e, acima de tudo, passar o dia de Natal com a minha família. Na véspera de Natal, continuei a tradição iniciada pelo meu pai e deixava as luzes do pinheiro ligadas naquela noite para que, de manhã, as crianças pudessem viver aquela experiência maravilhosa.

Numa noite de Natal, tinha o meu filho nove anos, a mesma idade que eu tinha quando o meu pai faleceu, enquanto via a missa do galo na televisão adormeci no sofá. O coro cantava lindamente e a última coisa de que me lembro foi de desejar ouvir outra vez a minha irmã a entoar Noite Feliz. Acordei de manhã cedo com o barulho que o meu filho fazia enquanto descia para a sala de jantar. Vi-o parar e olhar o pinheiro, boquiaberto. Então, lembrei-me da minha infância e soube que o meu pai me tinha amado da mesma forma que eu amava o meu filho. Soube que ele tinha sentido por mim uma mistura de orgulho, de alegria e de amor ilimitado. E, naquele instante, soube como me tinha zangado com o meu pai por ele ter morrido e quanto amor tinha escondido durante toda a minha vida por causa desse sentimento de raiva.

Senti-me um rapazinho, cujas lágrimas estavam prestes a brotar, e não havia palavras para exprimir a imensa pena e a alegria irresistível que experimentava em simultâneo. Esfreguei os olhos com as costas da mão para ver melhor. Com os olhos húmidos e a visão toldada, olhei para o meu filho que estava diante do pinheiro. Meu Deus, que pinheiro magnífico! Era o pinheiro da minha infância.

Através das lágrimas, as luzes do pinheiro irradiavam um brilho quente e cintilante. Os amarelos, verdes, vermelhos e azuis, tremeluzentes e suaves, envolveram-nos. Tinham-me sido roubados pela morte do meu pai. Mas, ao amar o meu filho tanto quanto o meu pai me amara, pude ver, uma vez mais, as luzes de Natal. E, a partir desse dia, recuperei toda a magia e alegria do Natal.




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Dia vinte e quatro, véspera de Natal – Peça de teatro


CENA 1


16:00 / Dentro de casa

“Noite Feliz” tinha estado a tocar continuamente em todas as estações de rádio. A neve caía suavemente. Tinha sido assim todo o dia, mesmo à porta de casa.

Um Natal Branco! Nunca antes na vida tinha tido um como este. Era absolutamente lindo.

Este dia vinte e quatro de dezembro.

E o melhor está ainda por vir.

A noite. A que chamam a “noite santa”. Mas isso é só a partir das oito. Até lá reina o caos. Tal como agora.

A minha mãe estava numa fúria! Mais uma vez estava completamente fora de si. A mesma cena, o ano é que era diferente. Sim, o frenesim do Natal estava de regresso uma vez mais! E todos os anos, as razões para os seus acessos de fúria eram diferentes.

Hoje, havia quatro razões.

Razão Número Um:

Às onze da manhã, o meu pai tinha finalmente comprado a árvore de Natal.

Tal como todos os anos, esperou até que as melhores já tivessem esgotado. Até que restassem só as que pareciam todas desconjuntadas. Sim, mas nessa altura elas são bem mais baratas. Praticamente são oferecidas. O meu pai acha excelente. A minha mãe não.

Hoje, às onze da manhã, ele finalmente levou o pinheiro para dentro de casa. Uma verdadeira pechincha. Mas só tinha três ramos mesmo lá no topo. Foi quando a minha mãe teve o seu primeiro acesso de cólera. Totalmente despropositado, na verdade. Era mesmo extraordinária, aquela árvore. Três topos em vez de um!

Eu até fiz duas estrelas a mais para os dois topos extra. Ficava um espanto.

A minha mãe, no entanto, ficou zangada.



Razão Número Dois:

Por fim, à uma hora, o meu pai arranjou o presépio. Antiga herança de família. Esculpido à mão. Bastante valioso. Sim, e o meu pai deve tê-lo manuseado com demasiado afinco. Resumindo, de repente Maria tinha só um braço. E não tínhamos cola em casa.

Razão Número Três:

Aconteceu às três horas. E essa foi mais uma gota de água. Desta vez, a minha mãe não entrou em fúria, apenas desatou a soluçar. Alguém não tinha fechado bem a porta da despensa. E quando foi buscar o ganso para o jantar de Natal, viu Anton, o gato, a passar por ela a correr. A verdadeira encarnação do sentimento de culpa.

A minha mãe deduziu logo o pior.

E isso foi exatamente o que aconteceu. Anton o gato, tinha devorado o melhor do melhor. Mesmo cru. O peito de ganso maravilhosamente tenro, vindo da quinta biológica.

O meu pai sorriu maliciosamente.

Eu dei uma gargalhadinha.

A minha mãe começou a soluçar.

E o Anton? Ele iria ficar longe da nossa vista por uns tempos. Estava de barriga cheia.

Retirei-me para o meu quarto para embrulhar os presentes para os familiares que viriam visitar-nos no dia seguinte.

Razão Número Quatro:

Aconteceu às quatro horas. O ponto alto do dia até ao momento.

De repente, sem bater à porta, a minha mãe apareceu no meu quarto. Viu-me rodeada de papel e caixas e de outras coisas e berrou : “Confusão a mais na véspera de Natal, e eu é que tenho que fazer o trabalho todo!”

Tapei os ouvidos. E disse: “Se não paras de gritar, vou-me embora!”

Mas a minha mãe não parou. Não conseguia. Disse: “Tudo bem, então vai!”

E eu fui.

Que parva fui, agora que penso nisso!

CENA 2

17:00 / Em frente a casa

Portanto ali estava eu, lá fora. Sem um cachecol e sem um casaco. Esperando, no mínimo, que a minha mãe viesse cá fora e me levasse de novo para dentro. Mas não veio. Portanto saí dali. De consciência pesada. Apesar de estar zangada. Que parva! Às vezes as coisas são mesmo assim.

No dia de Natal, a minha mãe ia ter à sua volta os seus irmãos e irmãs. Tal como todos os anos. Com todo o seu séquito. As minhas tias e tios e primos. Cerca de vinte pessoas.

É por isso que ela tem andado a preparar as comidas e cozinhado como louca durante dias.

Daí que se tenha passado completamente na véspera de Natal.



CENA 3

18:00 / Na praça do mercado

As barraquinhas de madeira do Mercado de Natal estavam fechadas. Não havia multidões aos empurrões. Nada de aromas saborosos. Nada. Não se via vivalma.

Tudo estava coberto por um manto branco de neve. Tranquilo e belo. Natalício, apesar de tudo. Os sinos da catedral tocaram a chamar para a missa. Hordas de pessoas amontoavam-se à entrada. Nos seus melhores fatos de domingo. Cabelo recém-lavado. Todos com um ar festivo.

Não, nem todos.

Além de mim, havia outra pessoa que andava por ali às voltas, tão perdida quanto eu. E que também não tinha um ar especialmente festivo. Pelo contrário. Uma rapariga bastante andrajosa. Mas também muito colorida. Não apenas as roupas e a mochila. O cabelo também. Parecia um arco-íris. Emocionante e belo. Aproximei-me, cautelosa. Escondi-me atrás de uma loja. Apenas uma pequena distância nos separava.

Era uma rapariga poucos anos mais velha que eu. Dirigiu-se para uma mulher mais idosa. Estendeu a mão. Sorriu, disse algumas frases.

A mulher abriu a carteira, tirou um porta-moedas e pôs uma moeda na mão que se estendia. A rapariga voltou a sorrir, disse qualquer coisa, e dirigiu-se a um jovem. Ele procurou no bolso, e assim foi, até que ninguém mais apareceu.

Na igreja tocavam música de órgão e ouvia-se “Joy to the World!”

A rapariga sentou-se nos degraus, remexendo na sua mochila.

De repente tive que tossir.

Ela olhou na minha direção. Descobriu-me. Era um pouco embaraçoso. Mas ela acenou-me com a cabeça. Bastante amistosa. E eu — não faço ideia porquê — fui devagar em direção a ela.

Sorriu para mim. E gostei do sorriso dela.

Era tão simpático que me sentei nos degraus frios, ao lado dela. Ela estendeu a mão, que tinha grossos anéis de prata em todos os dedos. Os pulsos estavam enrolados em tiras de couro.

Peguei-lhe na mão com cuidado.

“Sou a Mary. Como te chamas?”

“Clara!” disse eu.

Ela retirou a mão e disse “Em fuga?”

Eu disse que sim. “E tu?” perguntei eu.

“Eu estou sempre em movimento!” disse ela. “Às vezes aqui, outras vezes ali.”

“E onde é que vais passar a noite?”

Ela encolheu os ombros. “Depois vê-se!” disse ela.

O sorriso tinha desaparecido. Agora parecia triste.

Comecei a sentir o frio. Não queria enregelar, portanto levantei-me com um salto.

“Tenho que ir!” disse eu.

“Que pena!” disse ela.

“Vem comigo!” disse eu.

Esta frase escapou-se-me, pura e simplesmente.

Mas achava que até era uma coisa simpática para se dizer. Mesmo simpática. Embora eu soubesse que era também bastante estranha. Ela olhou-me fixamente. Depois abanou a cabeça.

“E porque não?”

“Os teus pais!” disse ela. “Achas que eles vão gostar que tu apareças assim comigo? E logo na véspera de Natal?”

“Claro!” disse eu. “Especialmente na véspera de Natal!”

“Tens a certeza?” Ela parecia incrédula.

“Toda a certeza!” disse eu. “Vá, vamos lá antes que congelemos!”

E pensei naquela história que o meu pai nos lê sempre na véspera de Natal: Não havia lugar na estalagem…

Exatamente!

E nós temos lugar.

CENA 4

19:OO / Em frente a casa

“Tens a certeza?” Mary parecia ansiosa. Como uma menina pequenina.

“Certeza absoluta!” disse eu.

E senti o medo arrepiar-me a nuca. Os meus pais vão ter um ataque. Uma rapariga vinda da rua! E principalmente uma rapariga com este aspeto… mesmo o que se está a imaginar! A minha mãe diria “que desleixada!” Provavelmente iria pôr-me fora de casa. Ela não iria acolher alguém como a Mary. E ainda por cima na véspera de Natal!

Mas eu não tinha outra escolha: não podia pura e simplesmente deixar Mary lá fora a enregelar, ao frio!

Havia duas opções. Ou os meus pais pensavam que estava tudo bem. Ou então nada estava

Toquei à campainha da porta. Primeiro uma vez, depois outra.

A minha mãe abriu a porta com força. A cara dela estava manchada de lágrimas. Abraçou-me.

Depois viu a Mary.

E o medo estava estampado na sua face.

“Mãe! Tenho uma surpresa para ti!”

CENA 5

20:00 / Na sala de estar

Chegou finalmente! A véspera de Natal!

Aromas deliciosos vindos da cozinha. Velinhas acesas. A árvore com três topos. O carrossel do Natal já estava em movimento.

A minha mãe montou o cenário musical. Pegou no seu violino. Eu peguei na minha flauta.

O meu pai sentou-se ao piano.

E depois — tal como nos outros anos — canções de Natal.

Mary tinha uma voz absolutamente maravilhosa. Podia ser cantora!

Depois o meu pai leu a história do Natal…

Quando lia “e não havia qualquer quarto na estalagem”, ele olhou para a minha mãe. Neste momento, ela já estava a sorrir, completamente tranquila. Em seguida, serviu o ganso assado tostadinho — bom, o que restava dele. Este ano, só tínhamos uma parte de um ganso.

E o Anton … que provavelmente nem se atrevia a entrar …

E no entanto … acabei de ouvir algo. Um miau cauteloso junto à porta.

“Deixa-o entrar, Clara!” disse a minha mãe.

Pôs uma batata bem suculenta no prato da Mary. A primeira batata. A segunda batata foi para o meu pai. Este ano eu iria comer as asas. Tudo porque o Anton tinha ficado com o peito tenro do ganso.

“Feliz Natal!” disse a minha mãe. Estava radiante. A tensão tinha levantado voo e desaparecido. Os acessos de fúria tinham desaparecido. Totalmente em paz, mordiscou a pele crocante do ganso. Sorriu para a Mary e disse: “Este é o melhor presente de Natal! Teres encontrado a nossa Clara e tê-la trazido para casa. Obrigada. Mil vezes obrigada!”

Senti um leve pontapé nas canelas. Era o pé da Mary. Ela sorriu-me maliciosamente.

Escondi o riso atrás do guardanapo. Estava muito contente com este Natal — mais do que contente.

Este era o melhor Natal que alguma vez tinha tido.

“Obrigada, Mary!” disse eu.

Doris Meißner-Johannknecht

Silke Lefler (org.)
A simply wonderful Christmas – A literary advent calendar
New York, North-South Books, 2006
(Tradução e daptação)




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A lata dos biscoitos de Natal

Dás muito pouco quando dás do que possuis.
É quando te dás a ti próprio que dás verdadeiramente.

Kahlil Gibran, The Prophet

Era quase Natal e eu estava em casa do meu pai… pela última vez. O meu pai tinha morrido alguns meses antes e a casa onde tínhamos crescido tinha sido vendida. A minha irmã e eu estávamos a limpar o sótão.
Peguei numa velha lata de biscoitos de Natal que o meu pai tinha usado para guardar as lâmpadas extra das luzes de Natal. Enquanto segurava a lata, vieram-me à memória lembranças de um Natal passado.
Eu tinha onze anos e, com o Natal a apenas uma semana de distância, acordei na manhã de um dia perfeito para andar de trenó. Tinha nevado durante toda a noite e os meus amigos já deviam estar a atirar-se pela colina abaixo, mesmo no fim da nossa rua. Não era o que se poderia chamar um grande desafio, mas todos nos divertíamos e eu mal podia esperar para experimentar a camada fresca de neve nas pistas.
Antes que eu pudesse ir a algum lado, a minha mãe recordou-me que ainda tinha que limpar a neve dos passeios à volta da casa. A tarefa pareceu durar uma eternidade, mas cerca de uma hora e meia depois tinha finalmente acabado. Entrei em casa para pegar num copo com água e no meu trenó. Assim que cheguei à porta da frente para sair de casa, o telefone tocou.
— O Joey já aí vai — disse a minha mãe, respondendo a alguém.
“Bolas, agora não”, pensei eu. “Os rapazes estão à minha espera”. Ainda abri a porta da frente, mas já não tive tempo para fugir.
— Joey, a Senhora Bergensen quer que tu lhe limpes o passeio — disse a minha mãe.
— Oh Mãe, diz-lhe que irei fazê-lo logo à tarde — queixei-me.
E fiz menção de sair.
— Não, vais fazê-lo agora. Logo à tarde vais estar cansado demais ou com muito frio. Eu disse-lhe que irias já, portanto toca a mexer — ordenou a minha mãe.
“A minha mãe é realmente muito generosa com o meu tempo”, pensei para mim próprio, enquanto dobrava a esquina até à casa da velha senhora. Bati à porta. A porta abriu-se e a Sra. Bergensen tinha um sorriso radiante estampado na cara.
— Joey, obrigada por teres vindo. Eu tinha a esperança de que alguém cá viesse, mas ninguém apareceu.
Não respondi, apenas abanei a cabeça e comecei a limpar a neve. Estava bastante zangado e o que eu queria era descarregar a minha frustração na Sra. Bergensen. Porque haveria alguém de passar por ali? A senhora não passa de uma velhota. No início, a raiva ajudou-me a trabalhar bastante depressa. Depois, fui abrandando, porque a neve estava bem espessa.
Então, comecei a pensar na Sra. Bergensen, cujo marido tinha morrido há já alguns anos. Calculei que ela devia sentir-se muito só, vivendo sem companhia. Perguntei-me quanto tempo teria demorado até que ela ficasse assim tão velha. Depois, comecei a pensar se ela me iria pagar alguma coisa pelo meu trabalho e, em caso afirmativo, quanto me iria dar. “Deixa cá ver, talvez dois dólares e meio, mais uns cinquenta cêntimos de gorjeta. Ela gosta de mim. Podia ter chamado o Jerry, o miúdo do outro lado da rua, mas chamou-me a mim. Sim, vou receber alguns dólares!” E recomecei a trabalhar no duro.
Demorei mais uma hora a acabar. Finalmente, o trabalho estava feito. Tinha chegado a hora do dinheiro! Bati à porta.
— Bom, Joey, fizeste um trabalho excelente e tão depressa!
Eu comecei logo a arreganhar os dentes num sorriso.
— Podias limpar o caminho até às minhas latas do lixo?
— Oh… claro — disse, com o sorriso a desvanecer-se. — Ficará pronto em poucos minutos.
Os minutos duraram mais meia hora. “Isto tem que valer pelo menos mais um dólar”, pensei. “Talvez mais. Talvez consiga cinco dólares, ao todo”.
Voltei a bater-lhe à porta.
— Penso que vais querer que te pague?
— Queria, sim, senhora — respondi.
— Bom, quanto te devo? — perguntou ela.
De repente, a língua paralisou-se-me.
— Bem, aqui tens um dólar e uma gorjeta de cinquenta cêntimos. Que tal?
— Oh, tudo bem — respondi.
Saí, arrastando a pá atrás de mim. Pois, certo, tudo bem. Toda aquela trabalheira por um dólar e meio. Que forreta miserável. Tinha os pés gelados, e as bochechas e as orelhas até me ardiam por causa do frio. Fui para casa. A ideia de ficar lá fora já não me fascinava.
— Não vais andar de trenó? — perguntou a minha mãe, enquanto eu me arrastava para dentro de casa pela porta da frente.
— Não, estou cansadíssimo.
Sentei-me em frente à televisão e passei o resto do dia a ver um filme idiota.
Mais tarde, nessa mesma semana, a Sra. Bergensen passou por lá e disse à minha mãe como tinha gostado do trabalho que eu tinha feito. Perguntou se eu poderia ir até lá para lhe limpar os passeios sempre que nevasse. Trouxe com ela uma lata cheia de biscoitos de Natal feitos por ela. Eram todos para mim.
Sentado, com a lata no meu colo e mastigando os biscoitos, cheguei à conclusão de que limpar o passeio da senhora tinha sido, de certa forma, uma maneira de eu lhe dar uma prenda de Natal, uma prenda que efetivamente lhe tinha sido útil. Não era fácil ter que estar sempre sozinha, sem alguém que a ajudasse. E isso era mesmo o que o Natal significava…darmos aquilo que está ao nosso alcance. A Sra. Bergensen deu-me biscoitinhos que ela própria fez e eu dei-lhe o meu tempo. E o meu trabalho árduo! De repente, comecei a sentir-me melhor.
Naquele verão, a Sra. Bergensen faleceu e acabei por não ter de ir de novo limpar o seu passeio.
Agora, anos mais tarde, no sótão da casa da família e com aquela lata dos biscoitos de Natal na mão, quase conseguia ver a cara dela, que mostrava o quanto tinha ficado tão contente por me ver. Resolvi guardar a lata para me lembrar sempre o que tinha descoberto há tantos anos atrás acerca do verdadeiro significado do Natal. Esvaziei-a das lâmpadas velhas que lá estavam dentro e deitei-as ao lixo. Enquanto fazia isso, a tira de papel que tinha sido usada como divisória entre as bolachinhas e o fundo da lata voou também até ao lixo. Foi então que vi uma coisa colada ao interior da lata.
Era um envelope que dizia “Querido Joey, muito obrigada e um Natal Feliz!” Abri o envelope amarelecido e encontrei uma nota de vinte dólares… Era uma prenda para mim, de uma senhora que eu julgara forreta.

Joseph J. Gurneak

Jack Canfield & Mark Victor Hansen
Chicken Soup for the Soul – Christmas Cheer
Chicken Soup for the Soul Publishing, LLC, 2008
(Tradução e adaptação)




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A árvore de Natal de sexta-feira

Enquanto vestia o pijama, Brian perguntou:

— Mamã, os outros meninos dizem que vamos ter uma árvore de Natal cá em casa. O que é uma árvore de Natal?

Aconchegados no pequeno quarto da casa de abrigo cristã para mulheres e crianças, Jenny Henderson abraçou os filhos, Brian e Daniel, de seis e três anos, respetivamente.

— É uma árvore bonita que ajuda as pessoas a sentirem-se felizes com o nascimento de Jesus. As pessoas costumam decorá-la no Natal e colocar, debaixo dela, presentes que compram umas para as outras.

Daniel enrugou o nariz:

— O que é “decorar”? E o que é o “Natal”?

A mãe suspirou. Durante todos os anos que vivera com o pai dos miúdos, ele sempre recusara celebrar fosse o que fosse e por muito que ela lhe pedisse. Não se celebravam aniversários, feriados, e muito menos o Natal. Daí que os rapazes nunca tivessem soprado velas de anos, visto televisão, decorado uma árvore de Natal, pendurado meias, comido um bom jantar de Natal, ou aberto quaisquer presentes.

Quando a casa dos Henderson se tornou demasiado triste por causa das discussões e das atitudes de controlo e de dominação, Jenny foi viver com os filhos para uma casa de abrigo. Agora, podiam celebrar tudo o que quisessem, incluindo o Natal, juntamente com as outras mães e crianças que lá viviam. Jenny abraçou Daniel:

— Vou aconchegar-vos bem debaixo dos cobertores e contar-vos uma história maravilhosa sobre Jesus e o Natal.

E contou-lhes, com todos os detalhes, a história da primeira noite de Natal. Depois, falou-lhes da decoração da árvore, da troca de presentes, e da gratidão que devemos a Deus pelo nascimento do Menino Jesus.

— Também quero amar o menino Jesus! — exclamou Brian. — E decorar uma árvore de Natal!

— Eu também quero! — pediu Daniel. — Diz que sim, mamã!

Jenny riu e disse:

— A Sra. Naples, a diretora da casa, disse que, neste sábado, vamos todos fazer uma festa para decorar a árvore de Natal, e que todas as crianças, incluindo vocês os dois, vão poder ajudar.

Brian e Daniel ficaram tão excitados que tiveram imensa dificuldade em adormecer. E a primeira pergunta que Daniel fez, quando acordou na manhã seguinte, foi:

— Já é sábado? Já podemos decorar a árvore?

Quando chegou a sexta-feira, ouviu-se uma exclamação:

— A árvore já está aqui!

Todas as crianças se precipitaram pelas escadas abaixo e viram três homens a carregar a árvore mais bonita que alguma vez tinham visto. Era tão grande que ia ficando presa na porta. Os homens colocaram-na num pequeno pedestal e todos se juntaram em torno dela. Quase chegava ao teto!

— Podemos decorá-la já? — perguntou Daniel.

A Sra. Naples riu:

— Lembra-te de que ainda é só sexta-feira, Daniel. Vamos decorá-la só amanhã.

Nesse momento, o telefone tocou e a diretora foi atender. Era o pai dos rapazes. Uma vez que nunca tinha sido violento com os filhos, o Sr. Henderson tinha autorização para vir à casa de abrigo buscá-los, para irem fazer visitas em conjunto. Ficou combinado que viria no dia seguinte, justamente à hora em que a árvore ia ser decorada.

É óbvio que os rapazes gostavam do pai. Contudo, o seu desejo de decorar a sua primeira árvore de Natal era tão grande que perguntaram à Sra. Naples se podiam colocar um só ornamento que fosse na sexta-feira. A diretora olhou primeiro para a belíssima árvore e, em seguida, para os dois irmãos e para as outras crianças.

— O que acham, meninos? Acham que este pedido é justo? E se votássemos?

— Vamos votar! — pediram todos.

Pouco depois, todos ajudavam a carregar caixas inteiras de ornamentos, que colocaram em torno da árvore despida. Virando-se para os dois irmãos, a Sra. Naples disse:

— Rapazes, têm uma hora para decorar a árvore como quiserem. Podem tirar o que quiserem das caixas, sem a nossa ajuda. Amanhã, quando estiverem fora, tiramos os ornamentos para que as outras crianças possam ser elas mesmas a colocá-los. Mas hoje é a vossa noite.

A diretora mandou embora as outras crianças e deixou os dois irmãos sozinhos.

Brian e Daniel nunca se tinham sentido tão felizes na vida. Pegaram em cada bola brilhante, em cada grinalda cintilante, em cada conjunto de sincelos tão cuidadosamente, como se fossem feitos de diamantes, e colocaram-nos na árvore com todo o carinho. Algum tempo depois, a Sra. Naples passou pelo átrio para ver como os irmãos se estavam a sair. Em torno dos ramos mais baixos, e tão alto quanto os bracinhos lhes permitiam, Brian e Daniel tinham colocado ornamentos alegres em azul, vermelho, verde, dourado e prateado, aos quais juntaram fiadas de grinaldas e muitos conjuntos de sincelos.

Contudo, em vez de estarem a admirar o seu trabalho, tinham-se ajoelhado e rezavam, de olhos fechados. Brian dizia: “Muito obrigado, querido Jesus, por teres nascido no Natal. E por nos teres deixado decorar a árvore. É o melhor presente de Natal que alguma vez tive.” Daniel acrescentou: “Jesus, quando o nosso pai vier amanhã e vir a nossa bela árvore, faz com que ele goste dela e que não se zangue. Faz com que ele queira gostar de ti.”

Brian pensou por um momento e disse: “Tens razão. Esse é que seria o melhor presente de Natal”.

Bonnie Compton Hanson

Jack Canfield & Mark Victor Hansen

Chicken Soup for the Soul – Christmas Cheer

Chicken Soup for the Soul Publishing, LLC, 2008

(Tradução e adaptação)




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Um conto de dois Natais

E o Grinch cismou como é que aquilo podia ser?

Viera sem fitas. Viera sem rótulos. Viera sem embalagens, caixas ou sacos.

Cismou tanto que a sua máquina de cismar ficou cansada.

Então, o Grinch pensou em algo que nunca tinha pensado antes.

E se o Natal não viesse de uma loja.

E se o Natal significasse um pouco mais…

Dr. Seuss

Tenho muitas memórias felizes do Natal de quando era criança, mas há duas em particular que se destacam das outras. A primeira ocorreu quando eu estava no sexto ano; a segunda, um ano mais tarde.

Depois de termos ido para a cama na véspera de Natal, o meu pai alinhou cinco cadeiras da cozinha na sala, uma para cada um dos filhos. De cabides de roupa fez ganchos e pendurou-os nas costas de cada cadeira; em cada um, pendurou as grandes meias de Natal vermelhas e verdes que a minha mãe tinha tricotado para cada um de nós. Os presentes demasiado grandes para caber nas meias foram colocados em cima ou por baixo das cadeiras.

Nessa manhã de Natal em particular, os meus pais estavam sentados no sofá, numa das extremidades da sala de estar, a ver-nos arrancar os embrulhos. Gritos entusiasmados de “Vejam o que eu recebi!” juntavam-se à balbúrdia que fazíamos, enquanto brincávamos com cada brinquedo por breves momentos, antes de o largar e atacar outro presente. Não me lembro dos presentes que recebi, mas não foram eles que tornaram aquele Natal memorável.

Tínhamos acabado de abrir o último presente quando o John, o meu irmão mais novo, e eu, olhámos por acaso para os nossos pais, que estavam ainda sentados no sofá. As caras de ambos estavam iluminadas por sorrisos radiantes.

— Mãe e Pai, porque estão a sorrir? — perguntou, confuso, o meu irmão. — Vocês não receberam nada.

Na altura, não dei muita atenção à pergunta do meu irmão ou às reações dos meus pais. Afinal de contas, eu tinha recebido o que queria. Tudo estava bem no mundo, e eu esperava que os futuros Natais — por causa dos presentes que iria receber — me trouxessem ainda mais alegrias.

A quadra festiva seguinte começou como todas as outras. Os meus amigos e eu recordávamos uns aos outros, diariamente, quanto tempo ainda faltava para o Natal. As semanas transformaram-se em dias, até que por fim chegou a véspera de Natal. Era o dia antes do “Grande Dia.” Nessa noite, fui para a cama empolgado como nunca. O pensamento de todas as preciosidades que iria receber em breve enchia-me totalmente a cabeça. No entanto, lá consegui forçar-me a dormir.

Por fim, chegou a manhã de Natal. Sendo o mais velho, senti que era minha obrigação solene liderar a correria até aos presentes — e assim fiz. O rasgar dos papéis era pontuado pelos habituais guinchos excitados de felicidade e os gritos de “Vejam o que eu tive!”, enquanto os meus irmãos e irmãs exibiam com algazarra os seus presentes novos acabadinhos de abrir.

Estava eu a rasgar o embrulho do meu segundo presente, quando senti que algo estava errado. Fiz uma pausa e dei-me conta de que a minha excitação febril da noite passada tinha desaparecido. Afinal de contas, o primeiro presente tinha sido a habitual lata de amendoins dada pelo meu pai. Talvez o presente que estava a abrir agora trouxesse de volta o meu entusiasmo.

Encorajado por esse pensamento, acabei de abrir o embrulho. Lá dentro estava um foguetão de plástico. Podia-se encher parcialmente com água, pressurizar com a bomba de plástico já incluída, depois lançá-lo ao ar a cerca de 9 metros. O John, o meu irmão mais novo, estava praticamente a salivar de inveja, mas eu nem sequer queria aquilo…

Um terceiro e último presente provou ser igualmente desinteressante. Aborrecido, peguei nos meus brinquedos e levei-os para a mesa da sala de jantar.

Os meus pais aperceberam-se do meu olhar cabisbaixo.

— Terry — disse o meu pai — falta-te ver um presente. Está debaixo da tua cadeira.

Sem qualquer entusiasmo, abri uma caixinha branca, quadrada, de cerca de cinco centímetros. Dentro estava um relógio de bolso da marca Westclox. Embora nunca tivesse tido um relógio antes, continuei muito desapontado.

Estava a tentar aceitar este vazio inexplicável quando, de repente, me lembrei da pergunta que o meu irmão tinha feito aos meus pais no Natal anterior: “Porque é que estão a sorrir? Vocês não receberam nada.”

Então algo aconteceu dentro de mim. Olhei de relance os meus pais, que continuavam sentados no sofá. O mesmo sorriso radioso de antes mantinha-se nas suas caras. Talvez eles soubessem algo que eu desconhecia. Caminhei até ao sofá e sentei-me ao lado deles.

E observei.

Naquele momento, um tipo diferente de Natal começou para mim. Dei por mim a sorrir pelo encanto que um dos meus irmãos ou uma das minhas irmãs mostravam ao abrir um presente. Senti-me particularmente satisfeito quando uma pequena prenda que eu tinha comprado para um deles era mais apreciada do que efetivamente merecia. Senti orgulho quando um deles se aproximou a pedir-me ajuda para montar um brinquedo ou um jogo.

Naquele ano, tal como o Grinch do Dr. Seuss, descobri que o Natal nem sempre vem dentro de uma caixa. Naquele ano, o Natal chegou para mim através dos olhos brilhantes e dos sorrisos felizes dos meus irmãos e irmãs mais novos. A minha única pena era que eles não pudessem ver o que eu estava a ver da minha posição no sofá.

Eles nem imaginavam o espetáculo que estavam a perder!




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